Organizações da América Latina se reúnem para impulsionar movimento pela compreensão leitora
- Redação
- 04/12/2025
- Evento Online
Entre 9 e 16 de dezembro, o Encontro Regional 2025 do Movimento pela Compreensão Leitora reunirá representantes de governos, sociedade civil, organizações multilaterais, universidades e especialistas para reforçar agenda comum pela alfabetização inicial e pela leitura; sessões virtuais serão transmitidas pelo YouTube.
O Encontro Regional 2025 do Movimento pela Compreensão Leitora reunirá especialistas da América Latina com o objetivo de fortalecer as políticas de alfabetização na idade certa na região. Será um espaço de diálogo, cooperação e articulação que acontecerá virtualmente entre 9 e 16 de dezembro.
O Encontro busca consolidar uma prioridade compartilhada: garantir que todas as crianças da América Latina aprendam a ler, compreender textos e escrever no tempo adequado. A iniciativa convoca governos, organizações internacionais, acadêmicos, professores e cidadãos, em um contexto crítico: quase um em cada dois estudantes da região não alcança os níveis básicos de compreensão leitora, segundo dados da última avaliação ERCE da UNESCO.
O evento reunirá mais de 50 líderes de governos, sociedade civil e instituições de diversos países da região. O Encontro é organizado pelo Movimento pela Compreensão Leitora, que reúne coletivos da sociedade civil do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru, atuando com independência partidária para impulsionar políticas de compreensão leitora como prioridade educacional em cada país.
Ao todo, o Movimento já reúne mais de 400 organizações e permanece aberto para que outras instituições da América Latina e do Caribe se somem ao esforço.
As sessões serão transmitidas abertamente pelo YouTube, com blocos temáticos de uma hora distribuídos ao longo de seis dias. A transmissão poderá ser acompanhada em movimientocomprensionlectora.
O foco será a prioridade da alfabetização inicial e da compreensão leitora na agenda educacional regional. Entre os temas centrais, serão abordadas as evidências científicas sobre práticas e políticas eficazes, os avanços e desafios das políticas nacionais e subnacionais de alfabetização, a construção de alianças regionais e o papel da sociedade civil, a contribuição dos movimentos cidadãos e dos organismos internacionais, a liderança escolar e a gestão educacional, a cooperação internacional e o potencial da tecnologia para apoiar o ensino da leitura.
O Encontro contará com a participação de especialistas internacionais como Andreas Schleicher (OCDE), Rukmini Banerji (Pratham), Ben Piper (Gates Foundation), Jaime Saavedra (Banco Mundial), Mercedes Mateo (BID), Andrés Delich (OEI), Valtencir Mendes (UNESCO), Ítalo Dutra (UNICEF), Miriam Preckler (CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe), Emiliana Vegas (Harvard) e David Saad (Instituto Natura).
Entre os participantes do Brasil estarão Veveu Arruda (Associação Bem Comum e ex-prefeito de Sobral, Ceará), Anna Penido (Centro Lemann), Kátia Helena Serafina Cruz Schweickardt (Secretaria de Educação Básica do MEC), Vitor de Angelo (Secretário de Educação do Espírito Santo) e Beatriz Cardoso (Laboratório de Educação), entre outros.
Além disso, participarão autoridades educacionais nacionais, provinciais, estaduais e municipais da Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai. A programação completa do evento pode ser consultada em movimientocomprensionlectora.
Uma agenda prioritária
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A América Latina enfrenta uma crise estrutural de aprendizagem: 25 milhões de crianças não atingem níveis básicos de leitura, com fortes desigualdades socioeconômicas e territoriais. Segundo a avaliação ERCE 2019 da UNESCO, 44% dos estudantes do terceiro ano estão no nível mais baixo de desempenho em compreensão leitora. Isso significa que quase metade dos alunos não alcança os aprendizados esperados para essa etapa, o que limita seu progresso escolar e sua capacidade de continuar aprendendo de forma autônoma.
As diferenças entre os países são significativas. O Brasil está acima da média regional, com 27,6% dos estudantes no nível mais baixo de compreensão leitora. Países como Argentina (46,0%), México (37,4%) e Colômbia (35,8%) apresentam resultados piores, enquanto o Peru está acima (24,4%). Os desempenhos mais destacados aparecem no Chile (10%) e os mais preocupantes na República Dominicana (73%). Embora os avanços em alguns países sejam encorajadores, uma parcela substancial dos estudantes latino-americanos conclui os primeiros anos do ensino fundamental sem desenvolver as competências leitoras adequadas para sua idade.
Nesse cenário, o Encontro Regional 2025 do Movimento pela Compreensão Leitora propõe um espaço comum para trocar experiências e aprendizados, fortalecer alianças regionais, promover políticas baseadas em evidências e dar visibilidade ao papel da sociedade civil na agenda educacional. O evento é dirigido a professores, famílias, estudantes, líderes comunitários, comunicadores, pesquisadores, organizações sociais, gestores públicos e cidadãos interessados na melhoria educacional.
Em toda a América Latina cresce o consenso em torno de uma ideia central: garantir que todas as crianças aprendam a ler, compreender o que leem e a escrever na idade certa é a base para melhorar a educação e reduzir as desigualdades sociais, econômicas e educacionais. As evidências mostram que crianças que não aprendem a ler nos primeiros anos têm maior risco de atraso e abandono escolar, enquanto uma alfabetização sólida impulsiona melhores resultados em todas as áreas e aumenta as chances de concluir a escola.
Além disso, a leitura na primeira infância está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico: países com melhores níveis de alfabetização infantil têm maior produtividade e menos desigualdade. Hoje, em grande parte da região, governos, organismos internacionais e organizações sociais estão alinhados em torno dessa prioridade, o que abre uma oportunidade histórica para impulsionar políticas sustentadas de alfabetização, independentemente das mudanças de governo.
O Encontro surge em um contexto em que a América Latina avança em múltiplos frentes para melhorar a alfabetização. A sociedade civil tem sido fundamental para posicionar a compreensão leitora como prioridade na agenda educacional regional: em vários países, campanhas nacionais demonstraram que unir forças entre organizações e comunidades pode mobilizar a opinião pública, gerar evidências e sustentar políticas.
Com essas experiências como base, o Encontro Regional 2025 busca fortalecer a cooperação entre as organizações da sociedade civil da região, ampliar possíveis alianças e consolidar um movimento que funcione como articulador para impulsionar políticas sustentadas que garantam que todas as crianças da América Latina aprendam a ler e compreender no tempo adequado.
Sobre o Instituto Natura
Criado em 2010, o Instituto Natura almeja transformar a educação pública, garantindo uma aprendizagem de qualidade para todas as crianças e jovens nos seis países da América Latina em que está presente (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru). Também como forma de atuação, se dedica ao desenvolvimento educacional das Consultoras de Beleza Natura e Avon e trabalha em conjunto com inúmeros parceiros no poder público, no terceiro setor e na sociedade civil. Desde 2024, o instituto ampliou sua atuação para a defesa dos direitos fundamentais das mulheres, desenvolvendo iniciativas voltadas à conscientização sobre o câncer de mama e ao combate à violência contra meninas e mulheres por meio do apoio da Avon, que historicamente tem sido uma parceira comprometida e continua apoiando as ações do Instituto Natura nessa causa.
