Como você lida com vieses de outras pessoas na sua produção de conteúdo institucional?

Como você lida com vieses de outras pessoas na sua produção de conteúdo institucional?


Para quem atua com produção de conteúdo institucional é comum validar as informações antes de publicar com as áreas técnicas do órgão/empresa/entidade.

Esse cuidado é necessário, entre outros motivos, para se certificar de que o assunto a ser comunicado foi entendido de maneira que não se incorra em equívocos durante a simplificação da linguagem, principalmente, quando se trata de temas um tanto técnicos. 

No retorno da validação, no entanto, o que era para ser uma orientação ou recomendação salutar, na verdade, acaba sendo um pensamento enviesado de uma única pessoa.

E se não ficarmos atentos, acabamos reproduzindo esse viés na comunicação do órgão - o que requer atenção redobrada.

Isto porque, o que deve prevalecer no conteúdo é a missão, visão e valores da instituição e não de um indivíduo.

Eu caí em uma situação dessas algumas vezes. Mas só recentemente me dei conta de que se tratavam de vieses.

Em um desses casos, na produção de um roteiro de vídeo, eu havia colocado um termo habitual que já vinha sendo utilizado na comunicação do órgão há anos. E é uma palavra que a audiência da instituição já estava acostumada.

Tratava-se de um tema delicado e caro para o público-alvo beneficiado com a iniciativa abordada no conteúdo.

Eis que no retorno do roteiro, um técnico fez uma observação dizendo para evitar o tal termo por determinado motivo. Prontamente e sem pensar muito, substituí a expressão pela que ele havia recomendado.

Dias depois, observei que o termo vetado pelo técnico estava amplamente disseminado por toda organização e em todos os demais conteúdos que já haviam sido publicados nos canais institucionais. 

Na mesma hora fui rever a justificativa que ele havia dado para fazer a mudança e cheguei à conclusão de que se tratava de uma opinião pessoal.

Concluí também que para prevalecer a mudança proposta, ele teria que conscientizar o seu superior e o seu superior teria que fazer o mesmo com o chefe maior. E que o chefe maior teria que fazer o mesmo com a autoridade máxima da instituição. E a autoridade máxima, por sua vez, demandaria a mudança à Assessoria de Comunicação.

Pois todas as pessoas acima daquele técnico utilizavam o tal termo que ele não considerava adequado.

Pensei com os meus botões: como chamaremos a atenção do público-alvo para comunicar o assunto em questão, sendo que a audiência já está habituada com a expressão que vem sendo utilizada há anos? 

Para fazer essa mudança, seria necessário um trabalho estratégico de comunicação para inserir outro termo completamente desconhecido do público-alvo nos conteúdos subsequentes.

Você também já se deparou com retornos enviesados das áreas técnicas? Como lidou com a questão? Ou, assim como eu, não se deu conta disso?

 

Foto: Unsplash


Maiara Pires

Maiara Pires

Jornalista, Escritora e Produtora de Conteúdo Multimídia. Saiba mais: https://linktr.ee/maiarapiresescreve



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