Amapá Digital | Terça-Feira, 23 de dezembro de 2025.
Marcelo Santos Solidade, Psicólogo e Professor da Faculdade Santa Marcelina, analisa como lembranças idealizadas e comparações podem transformar o momento em sofrimento emocional.
O fim do ano costuma ser associado à alegria, encontros e celebrações. Mas, para muitas pessoas, o Natal também desperta sentimentos de nostalgia, tristeza, frustração e solidão. Segundo o psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina, Marcelo Santos Solidade, isso ocorre porque o imaginário natalino toca diretamente nas memórias mais profundas e afetivas, reativando vivências e comparações que nem sempre são fáceis de lidar.
O especialista explica que o Natal, culturalmente apresentado como símbolo de união e felicidade familiar, dialoga com lembranças da infância, da sensação de segurança e da idealização da “família perfeita”. “As tradições, músicas e imagens natalinas funcionam como tentativas de recuperar um afeto antigo. O problema surge quando comparamos esse ideal com a família real que temos hoje”, afirma. Essa diferença entre fantasia e realidade é um dos principais fatores que despertam incômodo, saudade e a nostalgia tão presente nessa época do ano.
Quando a nostalgia vira sofrimento
Solidade destaca que sentir nostalgia é natural e até saudável, pois reconecta o indivíduo à sua história. No entanto, quando o passado se transforma em refúgio absoluto ou em um ideal inalcançável, a tristeza pode assumir contornos mais profundos, aproximando-se da melancolia. “A nostalgia saudável reconhece a perda sem prender o sujeito no passado. Já a melancolia interrompe o fluxo da vida, transforma o passado em um lugar fixo e idealizado, e pode gerar sentimentos de vazio e desvalor”, explica o psicólogo.
Lutos, ausências e a necessidade de ressignificar o Natal
Para quem perdeu pessoas queridas ou está longe da família, tentar repetir rituais antigos como se nada tivesse mudado pode intensificar a dor. O professor reforça que insistir em padrões afetivos do passado tende a gerar sofrimento adicional. “É preciso aceitar a ausência e reinventar novas formas de vivenciar o Natal. Ressignificar é essencial para não ficar preso à lembrança dolorosa daquilo que não está mais ali”, afirma. Criar novos rituais, presenças e experiências é um caminho possível para um fim de ano mais leve.
A pressão das redes sociais durante as festas
Com o fim do ano, as redes sociais se enchem de imagens que reforçam a ideia de perfeição — mesas fartas, casas iluminadas e famílias sorrindo. Esse ambiente visual, segundo Solidade, intensifica a comparação e o sentimento de inadequação. “O que vemos nas redes sociais deixa de ser apenas imagem e passa a ser percebido como verdade. No Natal, isso reforça antigas fantasias e ativa sentimentos de fracasso diante da própria vida real”, explica. Para ele, esse “jogo de espelhos” entre o ideal exibido e a realidade vivida é um dos principais gatilhos emocionais do período.
Construindo um Natal emocionalmente possível
Não há regras rígidas para viver um fim de ano mais saudável, mas o psicólogo ressalta a importância de abandonar modelos prontos de felicidade. A saída está em criar novas formas de viver o Natal e não em tentar encaixar-se em uma imagem perfeita. “O sofrimento nasce da tentativa de caber em um ideal. Quando deixamos de perseguir a fantasia da família margarina e aceitamos o real, abrimos espaço para um Natal mais verdadeiro, menos imposto e mais nosso”, conclui Solidade
Sobre a Faculdade Santa Marcelina
A Faculdade Santa Marcelina é uma instituição mantida pela Associação Santa Marcelina – ASM, fundada em 1º de janeiro de 1915 como entidade filantrópica. Desde o início, os princípios de orientação, formação e educação da juventude foram os alicerces do trabalho das Irmãs Marcelinas. Em São Paulo, as unidades de ensino superior iniciaram seus trabalhos nos bairros de Perdizes, em 1929, e Itaquera, em 1999. Para os estudantes é oferecida toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento intelectual e social, formando profissionais em cursos de Graduação e Pós-Graduação (Lato Sensu). Na unidade Perdizes os cursos oferecidos são: Música, Licenciatura em Música, Artes Visuais, e Moda. Já na unidade Itaquera são oferecidas graduações em Psicologia, Administração, Ciências Contábeis, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Tecnologia em Radiologia e Tecnologia em Estética e Cosmética. Além disso, há também a opção de cursos na modalidade de ensino a distância, que incluem Administração, Gestão Comercial, Gestão Hospitalar e Gestão de Recursos Humanos.
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