Amapá Digital | Domingo, 17 de agosto de 2025.
Açaí, tucupi e maniçoba estão entre os vetados por risco de contaminação; evento exige cardápios sustentáveis e seguros, com ao menos 30% de insumos locais.
Durante a COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro deste ano, o açaí — símbolo amazônico e produto sustentável mais vendido do Brasil — não poderá ser servido nos restaurantes e quiosques oficiais do evento. A proibição está no edital da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), responsável pela seleção de operadores de alimentação, e foi motivada pelo risco de contaminação com o Trypanosoma cruzi, parasita causador da doença de Chagas, caso o fruto não seja pasteurizado.
Além do açaí, outros pratos típicos da culinária amazônica, como o tucupi e a maniçoba, também foram vetados. O tucupi, extraído da mandioca, e a maniçoba, feita com folhas da mandioca-brava e carnes salgadas, podem conter toxinas naturais se não forem corretamente preparados. O edital cita especificamente o risco da presença de ácido cianídrico, uma substância potencialmente tóxica, que exige processos longos e específicos de cozimento e fermentação para ser neutralizada.
Outros itens que constam na lista de proibições incluem ostras cruas, carnes malpassadas, molhos caseiros, sucos de fruta in natura, leite cru, entre outros alimentos considerados de risco sanitário. A OEI determina que os 87 estabelecimentos autorizados — 50 na Blue Zone e 37 na Green Zone — ofereçam cardápios diversos, com pelo menos 30% de ingredientes locais ou sazonais, priorizando práticas sustentáveis e alimentos orgânicos, além de preços acessíveis.
A decisão tem gerado controvérsia, especialmente por afetar diretamente alimentos tradicionais da Amazônia no momento em que Belém se torna o centro das atenções globais sobre mudanças climáticas. Procurada pelo jornal O Globo, a OEI não se manifestou sobre as críticas às restrições. A lista completa das proibições e orientações pode ser consultada no edital oficial da entidade, que rege todos os critérios para operação de alimentos durante a conferência.
Fonte: O Globo
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