Amapá Digital | Quarta-Feira, 17 de dezembro de 2025.
O uso de psicoestimulantes como Venvanse e Ritalina, indicados para tratar o TDAH, tem se espalhado entre jovens que buscam foco e rendimento nos estudos ou no trabalho, mesmo sem diagnóstico médico. Muitos relatam recorrer ao medicamento para lidar com o cansaço mental, aumentar a produtividade ou “se sentirem mais inteligentes”. Nas redes sociais, multiplicam-se relatos de uso para estudar, enfrentar festas ou melhorar o humor, reforçando a ideia de uma saída imediata para lidar com o desconforto emocional do dia a dia. Guilherme Henderson, psicanalista e professor de Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB), alerta que nem sempre o que se interpreta como TDAH corresponde, de fato, a um transtorno mental.
Segundo o professor, é cada vez mais comum atender pacientes que chegam ao consultório certos de que têm TDAH após realizarem testes online ou assistirem a vídeos nas redes sociais. “O que temos observado é um excesso de rótulos e uma busca por soluções imediatas para os desconfortos da vida cotidiana. Nesse cenário, o Venvanse passa a ser visto como um remédio para os ideais neoliberais de nossa época, e não como um tratamento médico específico”, alerta Henderson. Ele destaca que o diagnóstico clínico é complexo, deve ser feito por uma equipe especializada, envolvendo médicos e psicólogos e precisa seguir critérios rigorosos estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V). Mesmo com todo esse cuidado, é comum haver divergências entre os profissionais. Além disso, muitos desses diagnósticos podem desconsiderar outra perspectiva igualmente relevante: o inconsciente.
Quando a distração fala por nós
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