Amapá Digital | Quinta-Feira, 18 de dezembro de 2025.
O cuidado com crianças neurodivergentes é uma atividade que exige dedicação intensa das famílias, especialmente dos pais, que estão diretamente envolvidos no processo de acompanhamento, terapias e intervenções. No entanto, em muitos casos, a saúde mental desses cuidadores é deixada em segundo plano, o que pode comprometer tanto o bem-estar deles quanto a efetividade do tratamento da criança.
A psicóloga Miriam Carvalho explica que o impacto emocional de lidar diariamente com demandas específicas pode ser significativo. “Os pais enfrentam sobrecarga física e psicológica, lidam com expectativas sociais e ainda precisam se adaptar a uma rotina de cuidados que exige constância e paciência. Se a saúde mental deles não for cuidada, a tendência é que problemas como ansiedade, estresse e até a depressão se tornem obstáculos para apoiar a criança de forma adequada”, afirma.
De acordo com Miriam, que também é professora da Estácio, manter um equilíbrio emocional é tão importante quanto seguir corretamente as orientações médicas e terapêuticas da criança. “A criança percebe o ambiente em que está inserida e como pais emocionalmente sobrecarregados podem transmitir insegurança, impaciência ou exaustão, isso interfere diretamente no progresso do tratamento”, destaca.
Para prevenir esse cenário, a profissional recomenda que os pais busquem apoio psicológico, participem de grupos de apoio e mantenham atividades que promovam o autocuidado. “É essencial que eles tenham espaços para falar sobre suas angústias e para fortalecer a rede de suporte. O autocuidado não é egoísmo, é parte do processo terapêutico da criança”, destaca.
Para a psicóloga, outro ponto importante é a divisão de responsabilidades entre familiares e cuidadores próximos, de modo a evitar a centralização dos cuidados em apenas uma pessoa. Além disso, práticas como atividade física, hobbies e momentos de lazer podem ajudar a aliviar a pressão do dia a dia. “Cuidar de si mesmo não significa abandonar o filho. Isso garante condições emocionais para oferecer o suporte necessário, pois o tratamento da criança só tem efetividade quando a família também está fortalecida e o bem-estar dos pais é parte do sucesso do processo terapêutico”, conclui.
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