Amapá Digital | Domingo, 17 de agosto de 2025.
Após a dispersão dos povos em Babel, a Bíblia volta os olhos para uma linhagem específica: de Sem até Abrão, com quem Deus faz uma aliança que mudará o curso da história da fé.
A narrativa bíblica em Gênesis dá uma guinada após a Torre de Babel. O projeto humano de construir uma cidade e uma torre para alcançar os céus é frustrado por Deus, que confunde as línguas e dispersa a humanidade por toda a Terra (Gênesis 11:1-9). A partir desse evento, a Bíblia deixa de narrar a história da humanidade em geral e passa a acompanhar a trajetória de uma família — a linhagem de Sem, filho de Noé — até chegar em uma figura central na história da fé: Abrão, mais tarde chamado Abraão.
A genealogia de Sem e a conexão com Abrão
Logo após o episódio de Babel, Gênesis apresenta uma genealogia detalhada dos descendentes de Sem (Gênesis 11:10-26). Esse trecho estabelece a continuidade da linhagem abençoada por Deus, que se manterá ao longo da história bíblica. De Sem até Abrão são mencionados nove nomes, passando por Arfaxade, Selá, Éber (de onde vem o termo "hebreus"), até Naor, pai de Terá, e então Abrão.
Esse detalhamento não é apenas uma informação genealógica: é uma ponte entre os grandes eventos antigos — como o Dilúvio e Babel — e a história da formação de um povo com quem Deus firmaria Sua aliança.
A família de Abrão
A Bíblia passa, então, a narrar a história da família de Terá, pai de Abrão (Gênesis 11:27-32). Terá teve três filhos: Abrão, Naor e Harã. Este último morreu ainda jovem, deixando um filho chamado Ló, que será importante nos capítulos seguintes. Abrão casou-se com Sarai, que era estéril, o que já introduz um dos grandes desafios da futura promessa de Deus: gerar descendência.
Terá decide sair de Ur dos Caldeus, uma das cidades mais importantes da antiga Mesopotâmia, em direção à terra de Canaã. Contudo, eles se estabelecem em Harã, no norte da Síria, onde Terá morre. Ali se encerra a primeira fase da vida de Abrão — ainda como membro de uma família politeísta, mas já em trânsito para um destino maior.
O chamado de Deus a Abrão
É em Harã que se inicia um novo capítulo espiritual na vida de Abrão. Em Gênesis 12, Deus o chama com uma ordem direta e cheia de promessas:
“Sai da tua terra, do meio dos teus parentes e da casa de teu pai, e vai para a terra que eu te mostrarei. Farei de ti uma grande nação, e te abençoarei; tornarei famoso o teu nome, e tu serás uma bênção.” (Gênesis 12:1-2)
A resposta de Abrão é imediata: ele parte aos 75 anos, levando Sarai, Ló e todos os bens e servos que possuíam. É um passo de fé radical, pois ele deixa para trás sua terra natal, sua segurança e seu passado, seguindo apenas a palavra de Deus.
A promessa de uma terra e de uma descendência
Ao chegar em Canaã, Deus confirma a Abrão a promessa da posse da terra:
“À tua descendência darei esta terra.” (Gênesis 12:7)
Abrão, então, constrói um altar e invoca o nome do Senhor. Esse ato marca o início da caminhada de fé do patriarca, que, mesmo diante de dificuldades — como a fome que o obriga a descer ao Egito — mantém sua confiança na promessa divina.
Apesar de sua esposa ser estéril, Abrão crê que Deus cumprirá sua palavra. Essa fé será posta à prova ao longo de muitos anos, mas se tornará o alicerce da aliança que Deus firmará com ele em capítulos seguintes (Gênesis 15 e 17), quando seu nome será mudado para Abraão, e Sarai para Sara.
O nascimento de uma história de fé
A partir do chamado de Abrão, a Bíblia começa a construir a história da salvação através de uma linhagem específica. Ele se tornará o pai de Isaque, avô de Jacó (Israel), e antepassado direto de Jesus Cristo, segundo a tradição cristã.
O chamado de Abrão não representa apenas uma mudança de localização geográfica, mas uma nova era na relação entre Deus e a humanidade: uma aliança baseada em fé, obediência e promessa.
VOLTAR A PÁGINA PRINCIPAL