Tradição e Identidade

Derrubada dos mastros marca "Domingo do Senhor" e encerramento do Ciclo do Marabaixo 2025 no Amapá


Este ano, o Ciclo do Marabaixo celebrou o centenário de Benedita Guilherma Ramos, a Tia Biló. Programação é realizada pelas famílias tradicionais do estado.


No domingo, 22, a derrubada dos mastros anunciou o encerramento do Ciclo do Marabaixo 2025, apoiado pelo Governo do Amapá. A programação aconteceu a partir das 18h, simultaneamente nos cinco barracões da área urbana de Macapá: Raízes da Favela (Dica Congó), Berço do Marabaixo, Associação Zeca e Bibi Costa (Azebic), Berço do Marabaixo, Marabaixo do Pavão e grupo Raimundo Ladislau.

Pela tradição, os mastros são derrubados no chamado ‘Domingo do Senhor’, após a celebração de Corpus Christi. Antes de derrubar um dos elementos mais fortes da tradição, famílias realizadoras e os marabaixeiros se uniram em oração ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade, para agradecer as graças alcançadas e mais um ano de programação realizada.

Este ano, Governo do Amapá realizou investimento recorde no Ciclo do Marabaixo

Este ano, Governo do Amapá realizou investimento recorde no Ciclo do Marabaixo

Foto: Gabriel Penha/Fundação Marabaixo/GEA

Elísia Congó, coordenadora do grupo Raízes da Favela

Elísia Congó, coordenadora do grupo Raízes da Favela

Foto: Gabriel Penha/Fundação Marabaixo/GEA

“Hoje é o encerramento do Ciclo do Marabaixo, com a derrubada do mastro da Santíssima Trindade. Para nós, é momento de muita alegria, mas principalmente de muita gratidão, por todas as bênçãos conseguidas até aqui”, diz a marabaixeira Elisia Congó, do grupo Raízes da Favela.

No barracão Azebic, a fé e a gratidão também foram evidenciadas. Mesmo com a perna quebrada, a coordenadora Priscila Silva agradeceu e reforçou a fé.

“A sensação é de dever cumprido. A palavra não pode ser outra, se não gratidão, a todos que possibilitaram a realização de mais um Ciclo do Marabaixo”, destaca.

Marabaixeira Priscila Silva, coordenadora do grupo Azebic

Marabaixeira Priscila Silva, coordenadora do grupo Azebic

Foto: Gabriel Penha/Fundação Marabaixo/GEA

No grupo Raimundo Ladislau, o movimento foi em frente ao barracão que tem o nome de Benedita Guilherma Ramos, a Tia Biló, cujo centenário é homenageado no Ciclo deste ano. Os integrantes fizeram as derrubadas dos mastros, unindo gerações e ajudando a perpetuar um momento tantas vezes testemunhado pela matriarca.

“O legado de Tia Biló vive em cada gesto, cada ritual que realizamos. Hoje se encerra o Ciclo do Marabaixo, mas o compromisso em manter viva a nossa tradição continua, é permanente e sinônimo de luta e resistência”, diz a neta de Guilerma Ramos, Laura Silva, a Laura do Marabaixo.

Derruba do mastro no barracão do Mestre Pavão, reúne familiares e marabaixeiros

Derruba do mastro no barracão do Mestre Pavão, reúne familiares e marabaixeiros

Foto: Gabriel Penha/Fundação Marabaixo/GEA

Após a derruba dos mastros, as caixas rufaram e as saias rodaram nas rodas de marabaixo. Momentos de união de gerações e de exaltar e celebrar nossa cultura ancestral, de perpetuar a nossa mais autêntica manifestação cultural que hoje já é patrimônio do Brasil.

Investimento recorde em 2025

Em 2025, o Ciclo do Marabaixo celebrou o centenário de Benedita Guilherma Ramos, a "Tia Biló", matriarca do marabaixo do Laguinho, falecida em 2021, aos 96 anos. O Governo do Estado fez um investimento para o festejo, de R$ 2,5 milhões, fruto de recursos do Tesouro Estadual e de emenda destinada pelo senador Randolfe Rodrigues.

No grupo Azebic, as caixas rufaram para saudar o último dia de programação do Ciclo 2025

No grupo Azebic, as caixas rufaram para saudar o último dia de programação do Ciclo 2025

Foto: Gabriel Penha/Fundação Marabaixo/GEA

A programação é realizada pelas famílias tradicionais do Amapá, é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde novembro de 2018. Essa manifestação típica reúne danças de roda, percussão, cantigas que relatam o cotidiano da população quilombola amapaense, somadas às festas do catolicismo popular, e inicia sempre no Sábado de Aleluia e se estende até o domingo seguinte a Corpus Christi, este ano, de 19 de abril a 22 de junho.

Diretora-presidente da Fundação Marabaixo, Josilana Santos, acompanhou o encerramento nos barracões

Diretora-presidente da Fundação Marabaixo, Josilana Santos, acompanhou o encerramento nos barracões

Foto: Gabriel Penha/Fundação Marabaixo/GEA

“Foram quase três meses de uma programação extensa. Foi um investimento grandioso, para além do toque das caixas, para projetos e ações que seguem sendo executadas até o fim do ano. Esse é um governo que valoriza e apoia suas raízes e identidade cultural”, destaca a diretora-presidente da Fundação Marabaixo, Josilana Santos, que acompanhou o encerramento nos barracões.

Na zona rural, a derrubada dos mastros e encerramento da programação ocorreu no sábado, 21, nos barracões da Campina Grande e Santíssima Trindade da Casa Grande.

Por Gabriel Penha

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