Amapá Digital | Sexta-Feira, 20 de junho de 2025.
Estado oferece serviços no Ambulatório Trans do HU-Unifap e no Centro AMA-LBTI; trabalho de acolhimento combate o preconceito e evita constrangimento aos pacientes que buscam a rede pública.
A atenção integral à saúde pública no Amapá também conta com tratamento especializado e humanizado ao público trans e travestis. Uma importante iniciativa do Governo do Estado que disponibiliza o Ambulatório Trans no Hospital Universitário (HU-Unifap), e os atendimentos no Centro de Acolhimento às Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexo (Ama-LBTI).
Nesta segunda-feira, 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, saiba como funciona os serviços e o trabalho de acolhimento que combate o preconceito e evita constrangimento aos pacientes que buscam atendimento médico na rede de saúde estadual.
No Ambulatório Trans, 55 pacientes recebem acompanhamentos endocrinológico para terapia hormonal
REMOVERREMOVERFoto: Divulgação/HU-Unifap
Os serviços são voltados com foco no processo multiterapêutico para transição de gênero, seguindo as diretrizes nacionais do Ministério da Saúde. No HU-Unifap, administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mantém convênio para o funcionamento do Ambulatório Trans.
Desde outubro de 2024, quando a parceria iniciou, já foram realizadas 62 consultas em enfermagem e psicologia, com 55 pacientes em acompanhamento endocrinológico para terapia hormonal. São pessoas que se identificam como transgêneras ou não binárias vivenciando desafios associados à identidade de gênero diferente daquela atribuída no nascimento.
Ezra Oliveira, enfermeira coordenadora do ambulatório trans do HU-Unifap
Foto: Divulgação/HU-Unifap
"Nosso objetivo é oferecer um atendimento que vá além do físico, acolhendo as demandas emocionais e sociais desses pacientes. Cada pessoa é recebida com respeito e escuta qualificada. O acesso à saúde é um direito de todos, e o Amapá está na vanguarda da inclusão e respeito à diversidade, garantindo que nenhuma pessoa seja excluída por sua identidade de gênero”, destaca Ezra Oliveira, enfermeira e coordenadora do Ambulatório Trans do HU-Unifap.
O combate ao preconceito e desigualdade de gênero é uma prioridade do Governo do Amapá, que mantém outro ponto de atendimento, que é o Centro AMA-LBTI, vinculado à Secretaria de Políticas para as Mulheres. O espaço propõe o acompanhamento à população trans em todo o seu ciclo de vida, incluindo a garantia de cuidado a sua rede de apoio.
No Centro AMA-LBTI, a saúde pública é garantida a trans e travestis, com respeito e equidade de gênero
Foto: Aog Rocha/GEA
O AMA-LBTI é a porta de entrada para garantir direitos individuais e coletivos para lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais, sendo referência em Macapá como primeiro centro de acolhimento desta comunidade. As pacientes recebem suporte com o serviço social, médico, psicológico e jurídico de forma rápida e eficaz em situações de emergência, para que elas se sintam protegidas.
Ao ser acolhida, a paciente passa por uma triagem com um clínico geral, que faz o encaminhamento para especialidades como:
Iane Santos, médica do Centro AMA-LBTI
Foto: Arquivo Pessoal
“Vejo essa iniciativa do Governo do Amapá como um avanço essencial para garantir que todas as pessoas tenham acesso à saúde e qualidade, independentemente de sua identidade ou de gênero. A criação desse espaço, demonstra não só uma sensibilidade por parte do governador Clécio Luís, mas também um compromisso com os princípios de respeito e dignidade na saúde pública”, considera a médica Iane Satos, que atua no Centro AMA-LBTI.
Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a expectativa de vida de mulheres trans no Brasil é de apenas 35 anos, menos da metade da média nacional. Políticas como a do Amapá não apenas salvam vidas, mas também reafirmam o SUS como instrumento de equidade.
Os atendimentos são gratuitos e disponíveis para todos os usuários do SUS. Veja como acessá-los:
“Há tempos, a comunidade necessita desse tipo de serviço, hoje, ofertado na gestão do governador Clécio Luís, que tem se mostrado comprometido com a causa. Temos avançado bastante com a assistência e políticas públicas de saúde a essas populações. Em março, conseguimos aprovar a Política Estadual de Saúde da População LGBTQIA+, no Conselho Estadual de Saúde. Isso é um avanço significativo, que reflete o compromisso com uma gestão pública plural e de qualidade”, destacou o responsável técnico pela Saúde LGBTQUIA+ da Sesa, Renato Nascimento.
No Brasil, foi a partir de 2006 que transexuais e travestis puderam começar a usar o nome social no SUS
Foto: Shutterstock
Saúde trans
Somente em 2019 a transexualidade deixou de ser considerada uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, foi a partir de 2006 que transexuais e travestis puderam começar a usar o nome social no SUS, por meio da Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde.
Dois anos depois, as cirurgias de redesignação sexual, o acompanhamento multidisciplinar e as terapias hormonais foram instituídas para mulheres trans. Somente em 2013, pela Portaria 2803/2013, vigente até hoje, é que homens trans e travestis foram incluídos nessa política pública.
Por Júnior Nery
VOLTAR A PÁGINA PRINCIPAL