A Assembleia Legislativa do Amapá realizou, nesta quarta-feira (13), uma audiência pública alusiva ao Dia Mundial do Rim para debater a importância da prevenção e do cuidado com a saúde renal.

O evento reuniu autoridades e profissionais da saúde, entre eles o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, o advogado Washington Picanço; o nefrologista do Hospital Estadual de Santana e do Corpo de Bombeiros do Amapá, Alonso Sá Ribeiro Aimoré; e a responsável técnica em nefrologia do Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima, Gracilene Lobato Cardoso Guimarães. Também participaram a presidente da Associação dos Renais Crônicos do Amapá, Amanda Bastos, e a coordenadora da Associação Amapaense dos Renais, Edilene Sampaio.

O deputado estadual R. Nelson Vieira, que presidiu a audiência, destacou a importância de parcerias e investimentos para a implantação do serviço de transplante renal no Estado. “A criação desse serviço será um avanço significativo para a saúde pública e para o bem-estar dos amapaenses”, afirmou.

Edilene Sampaio, coordenadora da Associação Amapaense dos Renais e paciente renal há 11 anos, ressaltou a necessidade de trazer o transplante renal para o Amapá. Ela reconheceu os avanços locais, como a ampliação das unidades de hemodiálise, mas destacou os desafios enfrentados ao buscar tratamento fora do Estado, incluindo os altos custos de deslocamento e estadia.

"Viajei para tentar um transplante fora do Estado. Como foi bem colocado, essa é a nossa maior bandeira, a nossa prioridade hoje. Uma das nossas principais causas é defender e buscar trazer o transplante para cá. Já passei por essa experiência com o TFD [Tratamento Fora de Domicílio] e sei que a dificuldade é imensa. É um grande desafio para um paciente sair daqui e chegar lá fora, muitas vezes contando apenas com auxílio insuficiente e a ajuda de conhecidos", afirmou. Além disso, enfatizou a importância de incentivar a doação de órgãos para ampliar o acesso ao transplante.

A médica nefrologista Gracilene Lobato Cardoso Guimarães destacou a relevância do Dia Mundial do Rim para conscientizar a população sobre a saúde renal. Ela alertou que a doença renal crônica costuma ser silenciosa e muitas vezes é diagnosticada tardiamente. Entre os fatores de risco, mencionou diabetes, hipertensão e obesidade, reforçando a necessidade de políticas públicas eficazes para garantir tratamento adequado. Ela também apontou desafios enfrentados pelo sistema de saúde, como a necessidade de ampliação de recursos e de suporte aos pacientes. “O tratamento não é só hemodiálise. Precisamos oferecer suporte nutricional, medicações e garantir dignidade ao paciente nessa jornada.”

O nefrologista Alonso Sá Ribeiro Aimoré alertou para a importância da prevenção da doença renal crônica, que tem como principais causas a hipertensão e o diabetes. Ele destacou os impactos da doença na vida dos pacientes e de suas famílias e ressaltou a necessidade de ampliar o acesso a tratamentos, incluindo o transplante renal. Segundo ele, a oferta de hemodiálise tem sido ampliada, mas a demanda continua crescendo, tornando essencial o fortalecimento de ações preventivas.

O advogado Washington Picanço ressaltou a importância do diálogo entre a sociedade civil e o parlamento para fortalecer as políticas públicas voltadas à saúde renal no Estado. Ele defendeu a inclusão do tema na Lei de Diretrizes Orçamentárias e a mobilização da bancada federal para destinar recursos ao setor. “Acreditamos no diálogo, por isso estamos aqui. Precisamos ser lembrados na hora do planejamento do gasto público, pois essa deve ser uma prioridade”, afirmou.

O jornalista Rodolfo Juarez ressaltou as mudanças que a doença renal crônica impõe à vida dos pacientes e de seus familiares. Ele destacou a importância de um suporte contínuo e lembrou que a rotina de tratamento exige planejamento e assistência constante. “O paciente renal crônico não tem férias”, afirmou.

Por Dircom/Alap

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