Amapá Digital | Sexta-Feira, 20 de junho de 2025.
Com bonecos gigantes, marchinhas e um café da manhã especial, o bloco mais icônico do Amapá reafirma seu espírito democrático e sua força cultural.
Macapá amanheceu diferente nesta terça-feira, 4. Antes mesmo do sol se firmar no céu, as ruas do bairro do Trem já pulsavam ao som das primeiras batucadas. O cheiro de café e tapioca se misturava à ansiedade dos foliões. Era o grande dia. E, como há 60 anos, ninguém queria ficar de fora da festa.
No coração da cidade, a movimentação começava cedo. A sede do bloco A Banda, o maior e mais tradicional do Amapá, recebia os primeiros visitantes. Gente de todas as idades se reunia para o tradicional café da manhã. Ali, veteranos e novatos compartilhavam risadas e histórias. Era mais do que um desjejum. Era um ritual.
A Banda não é apenas um bloco de rua. Ela é um elo entre gerações, uma manifestação cultural que resiste ao tempo. Criada por um grupo de amigos em 1964, começou como uma brincadeira e se transformou em um dos maiores símbolos do Carnaval amapaense.
E, neste ano, 2025, mais de 200 mil pessoas tomaram as ruas de Macapá para celebrar essa trajetória. O colorido dos foliões se misturava à poeira do asfalto, enquanto marchinhas e ritmos carnavalescos ecoavam. O riso solto, os pés descalços no chão quente, os abraços inesperados – tudo fazia parte da magia.
Entre confetes e serpentinas, um grupo chamava atenção. Eram os bonecos gigantes, figuras imponentes que dançavam ao som das marchinhas. Cada um deles carregava uma história, uma homenagem a personagens icônicos do Amapá. Eles não apenas desfilavam. Eles contavam memórias.
“É uma forma de manter viva a história do nosso povo”, explicou João Neto, artesão responsável pela confecção dos bonecos. “Cada um deles tem um significado especial para nossa cultura.”
Se há algo que torna A Banda especial, é seu espírito democrático. Não há cordões de isolamento, abadás exclusivos ou áreas VIPs. Qualquer um pode chegar e fazer parte. A única regra? Se entregar à alegria.
E foi assim, sem barreiras, sem restrições, que mais uma vez A Banda fez história. Em sua 60ª edição, o bloco mostrou que o Carnaval é mais do que festa – é identidade, resistência e memória.
Enquanto os últimos foliões se despediam, já havia uma certeza no ar: no próximo ano, eles estarão lá de novo. Porque Macapá pode mudar, as pessoas podem envelhecer, mas o batuque de A Banda jamais deixará de ecoar.
Por Marcio Bezerra
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